BRANQUITUDE E PRIVILÉGIO DE COR: DIMENSÃO RELACIONAL DO RACISMO ENTRE JOVENS ESTUDANTES
DOI:
https://doi.org/10.25112/rpr.v2.3017Palabras clave:
Branquitude, Relações Étnico-Raciais, Jovens, Colonialidade Germânica, Educação BásicaResumen
O artigo objetiva analisar como jovens estudantes compreendem as relações étnico-raciais, a partir de suas experiências numa região de colonialidade germânica. Deriva de pesquisa de doutorado em Educação, realizada em municípios do Vale do Rio Caí, no Rio Grande do Sul. A metodologia possui abordagem qualitativa, com produção de dados a partir de revisão bibliográfica, análise documental, aplicação de questionários individuais e entrevistas coletivas. Os jovens colaboradores da investigação estavam nos anos finais do ensino fundamental em 2019. A análise enfoca os conceitos de branquitude e privilégio de cor, observando a dimensão relacional do racismo que emerge das práticas culturais descritas pelos sujeitos. Categorias como Colonialidade Germânica, Racismo e Juventudes também são referências analíticas da arguição. Autores como Ruth Frankenberg, Alberto Guerreiro Ramos, Lourenço Cardoso, Lia Schucman, Maria Aparecida Bento e Marcus Vinicius de Freitas Rosa fundamentam a escrita. Os resultados parciais demonstram a existência de processos de construção de negação e naturalização de desigualdades que a condição de privilegiado produz nos sujeitos brancos. Os jovens estudantes pesquisados crescem em um contexto histórico e social em que as narrativas do passado enaltecem o colonizador europeu de origem germânica, da qual muitos deles descendem diretamente. Também demonstram terem poucos espaços para refletir criticamente sobre as relações étnico-raciais nas escolas e comunidades.
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