UM ANO SEM ESCOLAS! NARRATIVAS DE CRIANÇAS EM TEMPOS (IM)PREVISTOS
DOI:
https://doi.org/10.25112/rpr.v3.2571Palavras-chave:
Crianças, Narrativas, Educação Infantil, PandemiaResumo
Este texto é sobre as infâncias que lemos e inferimos em narrativas de crianças. Nele, os tempos que oferecemos às crianças, seus processos coletivos de cuidado e educação, seus modos de participação nas pesquisas e as perspectivas de futuro frente à conjuntura atual constituem partes que se conectam ao objeto de reflexão. As discussões fazem parte da pesquisa sobre as experiências das crianças durante a pandemia de Covid-19, sobre como esse fato social circunscreve muitas mudanças na organização familiar, nas relações com as pessoas e lugares. A pandemia narrada pelas crianças segue o fluxo dos acontecimentos, como o fechamento das escolas no primeiro semestre de 2020, a ampliação das restrições de locomoção, o discurso da emergência da vacina e, por fim, a permanência do quadro social anterior, a descoberta da vacina e o aumento do número de mortes. O argumento principal é o de que as crianças são afetadas por estas mudanças que são registradas nas perguntas, relatos, diálogos e fotografias. Portanto, ler as narrativas das crianças como construções culturais nesse tempo histórico é uma forma de compreender como elas vivenciam os tempos de casa e da escola que se tornaram fluidos e atravessados cotidianamente. Os tempos dos acontecimentos e os tempos narrativos revelam a complexidade de ser criança em um cenário que aprisiona a liberdade, constrange as interações, institui a doença e a morte como assunto e não oferece previsão de mudança.
Referências
ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. Trad: Mauro W. Barbosa. 8a. ed. São Paulo: Perspectiva, 2016. Texto original de 1954.
______. A condição humana. 10. ed. Tradução: Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009.
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM EDUCAÇÃO (ANPEd). Educação à Distância na Educação Infantil, não! Rio de Janeiro, 20 abr. 2020.
ABRANCHES, Sergio. A era do imprevisto. Entrevista com Sérgio Abranches. Revista IHU on-line. Instituto Humanitas Unisinos, São Leopoldo, 2017. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/186-noticias/noticias-2017/569217-entrevista-sergio-abranches-cientista-social-e-politico-a-era-do-imprevisto. Acesso em: fev. 2021.
BENJAMIN, Walter. A hora das crianças: narrativas radiofônicas de Walter Benjamin. Rio de Janeiro: Editora Nau, 2015.
______. Sobre o conceito da história. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura (Obras escolhidas 1). São Paulo: Brasiliense, 1987a, p. 222-234.
______. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. Tradução: Marcus Vinicius Mazzari. São Paulo: Duas Cidades, Editora 34, 2002.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução n. 05, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília, 2010.
BRASIL. Lei nº 13.257/2016. Marco Legal da Primeira Infância. Brasília, 2016.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP nº 5/2020 do Conselho Nacional de Educação (CNE), que aprovou orientações com vistas à reorganização do calendário escolar e à possibilidade de cômputo de atividades não presenciais, para fins de cumprimento da carga horária mínima anual, em razão da pandemia do novo coronavírus - Covid-19.
BRASIL. Ministério da Saúde. Rede Nacional de Dados em Saúde. Brasília: MS/Departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil, 2021.
BRUNER, Jerome. Actos de significado. Tradução: Vanda Prazeres. Lisboa: Edições 70, 1990.
CABANELLAS, Maria Isabel; ESLAVA, Clara; ESLAVA, Juan José; POLONIO, Raquel. Ritmos Infantis: tecidos de uma paisagem interior. Tradução: Sonia Larrubia Valverde e Suely Amaral Melo. São Carlos: Pedro e João Editores, 2020.
CAMPOS, Maria Malta. Porque ouvir as crianças? A participação das crianças pequenas na pesquisa científica. In: CRUZ, Silvia Helena Vieira (Org.). A criança fala: a escuta das crianças em pesquisas. São Paulo: Cortez, 2008.
COUTINHO, Ângela Scalabrin; CÔCO, Valdete. Educação Infantil, políticas governamentais e mobilizações em tempos de pandemia. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v. 15, p. 115, jul. 2020.
CORSARO, William A.; MOLINARI, Luisa. Entrando e observando nos mundos da criança: uma reflexão sobre a Etnografia Longitudinal da Educação de Infância em Itália. In: CHRISTENSEN, Pia; JAMES, Allison. (Orgs.) Investigação com crianças: perspectivas e práticas. Porto: Ediliber, 2005.
CRUZ, Silvia Helena Vieira. Ouvindo crianças na Consulta sobre qualidade na Educação Infantil. In: ______. (Org.). A criança fala: a escuta das crianças em pesquisas. São Paulo: Cortez, 2008.
DIESSE. Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. Sistema de consulta dos resultados da pesquisa da Cesta Básica Nacional, 2020.
KOHAN, Walter. Tempos da escola em tempo de pandemia e necropolítica. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v. 15, p. 1-9, 2020.
MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. Arte & Ensaios, n. 32, Universidade Federal do Rio de Janeiro, dez. 2016.
MEIRELES, Cecília. Reinvenção. In: ______. Flor de poemas. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1972.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Plano de Pesquisa e Desenvolvimento. Genebra: OMS, 2018.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Convenção sobre os Direitos da Criança. Nova York: ONU, 1989.
POSTMAN, Neil. O desaparecimento da infância. Rio de Janeiro: Graphia, 1999.
ROSEMBERG, Fúlvia. A criança pequena e o direito à creche no contexto dos debates sobre infância e relações raciais. In: BENTO, Maria Aparecida Silva (ORG.). Educação infantil, igualdade racial e diversidade: aspectos políticos, jurídicos, conceituais. São Paulo: Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades - CEERT, 2012. (p. 11-46).
ROSEMBERG, Fulvia. A cidadania dos bebês e os direitos de pais e mães trabalhadoras. In:
FINCO, Daniela; GOBBI, Marcia; GOULART, Ana Lucia. Creche e feminismo: desafios atuais para uma educação descolonizadora. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 2015.
SANTANA, Shirlei Cristina. Como ser mulher, mãe, esposa, filha e profissional em tempos de pandemia? In: SANTOS, Marlene Oliveira dos (Org.). Educação Infantil em tempos de pandemia. Salvador: EDUFBA, 2020.
SOARES, Leila da Franca; CANDA, Cilene Nascimento; CHAVES, Maiza Maciel. Pra não dizer que não falei das flores: a escuta de crianças no contexto da pandemia de COVID-19. In: SANTOS, Marlene Oliveira dos (Org.). Educação Infantil em tempos de pandemia. Salvador: EDUFBA, 2020.
SILVA, Isabel de Oliveira; LUZ, Iza Rodrigues; FARIA FILHO, Luciano Mendes de. Grupos de pesquisa sobre infância, criança e educação infantil no Brasil: primeiras aproximações. Revista Brasileira de Educação, vol. 15, n. 43, p. 84-97, 2010.
SILVA, Elenice de Brito Teixeira. Atos de criação: as origens culturais da brincadeira dos bebês. Tese de Doutorado. Belo Horizonte, MG: Universidade Federal de Minas Gerais, 2021.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA [Internet]. Rio de Janeiro: SBP [data desconhecida]. Menos Telas Mais Saúde. Disponível em: https://crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/sbp/mo_sbp_dez2019_menos_telas_mais_saude.pdf. 2019. Acesso em: 30 mar. 2021.
WOOD, Audrey. A casa sonolenta. São Paulo: Ática, 1984.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Revista Prâksis
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
• Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação com o trabalho licenciado sob a Licença Creative Commons - Attribution 4.0 International (CC BY 4.0).
• Os autores são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal), pois isso pode aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.