HÁ TANTOS LIBERTOS QUE VIVEM NA MISÉRIA. ADEMAIS, NÃO PODIA VIVER SEM MEU SENHOR: REPRESENTAÇÕES SOBRE ESCRAVIDÃO E LIBERDADE NA NOVELA O PATUÁ, DE CARLOS JANSEN (1878/1879)
DOI:
https://doi.org/10.25112/rpr.v1i0.2324Abstract
Nos anos de 1878 e 1879 foi publicada em forma de folhetim, na Revista Brasileira (Rio de Janeiro), a novela O Patuá, descrita por Walter Spalding como “notável ensaio de ficção sobre usos e costumes gauchescos”. Essa revista foi fundada por Carlos Jansen, Sílvio Romero, Franklin Távora e Machado de Assis, sendo o primeiro deles o autor dessa novela-folhetim. O alemão Carlos Jansen integrou o grupo dos brummers, mercenários contratados pelo imperador brasileiro para lutarem contra Juan Manuel de Rosas e Manuel Oribe, no período de 1851 e 1852. Após os combates, Jansen permaneceu no Rio Grande do Sul como professor, funcionário provincial ligado à imigração e intelectual (jornalista, romancista e tradutor), depois mudando-se para o Rio de Janeiro, onde também lecionou, morrendo em 1889. O intento desse artigo é analisar essa novela, percebendo as representações nela presentes sobre a escravidão e, em especial, sobre os africanos para cá trazidos pela diáspora transatlântica. Percebemos também que essa obra serviu para o autor construir uma autoimagem positiva, a qual nos permite perceber como se estruturava no período a imagem de um intelectual/homem de letras.
Palavras-chave: Escravidão. Africanos. Imigração. Literatura.
ABSTRACT
In the years 1878 and 1879, the soap opera O Patuá was published in the Brazilian magazine (Rio de Janeiro), the novel O Patuá, described by Walter Spalding as “a remarkable fiction essay on gauchescos uses and customs”. This magazine was founded by Carlos Jansen, Sílvio Romero, Franklin Távora and Machado de Assis, the first of whom was the author of this soap opera. The German Carlos Jansen was part of the group of brummers, mercenaries hired by the Brazilian emperor to fight against Juan Manuel de Rosas and Manuel Oribe, between 1851 and 1852. After the fighting, Jansen remained in Rio Grande do Sul as a teacher, connected provincial official immigration and intellectuals, later moving to Rio de Janeiro, where he died in 1889. The purpose of this article is to analyze this novel, realizing the representations present in it about slavery and, in particular, about the Africans brought here by the diaspora transatlantic. We also realized that this work served for the author to build a positive self-image, which allows us to understand how the image of an intellectual / man of letters was structured in the period.
Keywords: Slavery. Africans. Immigration. literature.
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