FORMAÇÕES POLÍTICAS DE MULHERES TRANSGÊNERAS: CAMINHOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA CIDADANIA TRANSCOMUNICATIVA

Autores

  • Paulo Júnior Melo da Luz Universidade do Vale do Rio dos Sinos
  • Jiani Adriana Bonin Universidade do Vale do Rio dos Sinos

DOI:

https://doi.org/10.25112/rco.v2.2660

Palavras-chave:

Mulheres transgêneras, Travestis, Necrobiopoder, Receptividade comunicativa, Cidadania transcomunicativa

Resumo

Este trabalho é um recorte de uma tese de doutorado que objetiva compreender como as experiências midiáticas, articuladas a outros processos comunicacionais vividos, atuam na constituição das identidades de gênero e na formação política e cidadã de mulheres transexuais e travestis. Parte-se de uma proposta (trans)metodológica interdisciplinar, buscando investigar as referências midiáticas e políticas dessas mulheres e como elas formam seu repertório de luta, resistência e posição política e cidadã. A partir de diálogos com essas interlocutoras, são problematizadas reflexões teóricas sobre Gênero e Transgênero, num olhar pós-estruturalista e relacionado ao poder; necrobiopoder, pensado enquanto projeto político governamental que escolhe quem vive e quem morre; receptividade comunicativa; e cidadania comunicativa, enquanto parte dos sujeitos e espaço de reconhecimento, demanda e luta. Leva-se em conta o contexto brasileiro e do Rio Grande do Sul, pensando de que forma dialogam ou divergem na constituição do gênero, no reconhecimento da população transgênera nos espaços midiáticos e de representatividade política, bem como nos atravessamentos do espaço digital e das tecnologias enquanto dimensões de luta e visibilidade. Por fim, reflete-se sobre a possibilidade de construção do conceito de cidadania transcomunicativa, a partir dos dados coletados em entrevistas semiestruturadas com três interlocutoras travestis e transexuais e das reflexões teórico-epistemológicas.

Biografia do Autor

Paulo Júnior Melo da Luz, Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (São Leopoldo/Brasil). E-mail: juniormelodaluz@gmail.com. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-2857-0019

Jiani Adriana Bonin, Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (São Paulo/Brasil). Professora e pesquisadora na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (São Leopoldo/Brasil). E-mail: jianiab@gmail.com. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-8598-7411

Referências

ANZALDÚA, G. La conciencia de la mestiza, rumo a uma nova consciência. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 13, n. 3, p. 704-719, 2005.

BACHELARD, G. A epistemologia. Lisboa: Edições 70, 2001.

BENEVIDES, B. G.; NOGUEIRA, S. N. B. (Orgs). Dossiê dos assassinatos e da violência contra travestis e transexuais brasileiras em 2020. São Paulo: Expressão Popular, ANTRA, IBTE, 2021.

BENTO, B. A. M. Nome social para pessoas trans: cidadania precária e gambiarra legal. Contemporânea, São Carlos, v. 4, n. 1, p. 165-182, 2014.

BENTO, B. A. M. Necrobiopoder: quem pode habitar o Estado-nação?. Cadernos Pagu, Campinas, v. 53, [s./n.], [s./p.], 2018.

BONIN, J. Questões metodológicas na construção de pesquisas sobre apropriações midiáticas. In: C. P. M.; LOPES, M. I. V. (Org.). Pesquisa em comunicação: metodologias e práticas acadêmicas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2016. p. 213-231.

BONIN, J. A.; SAGGIN, L. F. Reflexões teóricas para pensar as relações entre mídias, identidades culturais, movimentos sociais e cidadania. Lumina, Juiz de Fora, v. 10, n. 1, 2016.

BUTLER, J. Vidas precárias. Contemporânea, Salvador, [s./v.], n. 1, p. 13-33, 2011.

BUTLER, J. Alianças queer e políticas anti-guerra. Bagoas, Natal, [s./v.], n. 16, p. 29-49, 2017.

CASTELLS, M. Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na era da internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.

CORTINA, A. Cidadãos do mundo: para uma teoria da cidadania. São Paulo: Edições Loyola, 2005.

DARDOT, P.; LAVAL, C. A nova razão do mundo: ensaios sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2017.

GOHN, M. G. Movimentos sociais e redes de mobilização no Brasil contemporâneo. Petrópolis: Vozes, 2010.

GOMES DE JESUS, J. Interlocuções teóricas do pensamento transfeminista. In: GOMES DE JESUS, J. et. al. Transfeminismo: teorias e práticas. Rio de Janeiro: Metanoia, 2014.

GROSFOGUEL, R. Descolonizar as esquerdas ocidentalizadas: para além das esquerdas eurocêntricas rumo a uma esquerda transmoderna descolonial. Contemporânea, Niterói, v. 2, n. 2, p. 337-362, jul./dez. 2012.

KAPLÚN, G. Nota sobre la Ley de Servicios de Comunicación Audiovisual de Uruguay. Revista EPTIC, v. 17, n. 2, p. 183-187, mai./ago. 2015.

MALDONADO, A. E. A perspectiva transmetodológica na conjuntura de mudança civilizadora em inícios do século XXI. In: MALDONADO, A. E.; BONIN, J. A.; ROSÁRIO, N. Perspectivas metodológicas em comunicação: Novos desafios na prática investigativa. Salamanca: Comunicación Social Ediciones y Publicaciones, 2013.

MALDONADO, A. E. Perspectivas transmetodológicas na pesquisa de sujeitos comunicantes em processos de receptividade comunicativa. In: MALDONADO, A. E. et al. Panorâmica da investigação em comunicação no Brasil: Processos receptivos, cidadania e dimensão digital. Salamanca: Comunicación Social Ediciones y Publicaciones, 2014. p. 31-57.

MALDONADO, A. E. Transmetodologia, cidadania comunicativa e transformação tecnocultural. Intexto, Porto Alegre, [s./v.], n. 34, p. 713-727, set./dez. 2015.

MILLS, C. W. Sobre o artesanato intelectual e outros ensaios. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.

SANTOS, D. B. S. A gramática do tempo: para uma nova cultura política, volume 4. Porto: Edições Afrontamento, 2008.

SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, jul./dez. 1995.

SILVERSTONE, R. Por que estudar a mídia? São Paulo: Edições Loyola, 2002.

VEIGA DA SILVA, M. Masculino, o gênero do jornalismo: modos de produção das notícias. Florianópolis: Insular, 2014.

WEBER, M. H. Nas redes de comunicação pública, as disputas possíveis de poder e visibilidade. In: WEBER, M. H.; COELHO, M. P.; LOCATELLI, C. (org.). Comunicação Pública e Política: pesquisa e práticas. Florianópolis: Insular, 2017. p. 23-58.

Downloads

Publicado

2022-08-22

Como Citar

Melo da Luz, P. J., & Adriana Bonin, J. (2022). FORMAÇÕES POLÍTICAS DE MULHERES TRANSGÊNERAS: CAMINHOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA CIDADANIA TRANSCOMUNICATIVA. Revista Conhecimento Online, 2, 317–338. https://doi.org/10.25112/rco.v2.2660