Chamada para submissão de trabalhos: Cultura, artes e economia: um olhar sobre a produção cultural, mercados e políticas no Brasil contemporâneo
Editores-convidados:
• Prof.ª Dr.ª Carolina Dalla Chiesa (Erasmus University Rotterdam)
• Prof. Dr. Anders Rykkja (Queen's University Belfast)
• Prof. Dr. Eduardo Davel (Universidade Federal da Bahia)
Editora-chefe:
• Prof.ª Dr.ª Vanessa Amália Dalpizol Valiati
Submissão da proposta de artigo (resumo de 500 palavras): 20/08/2025
Aceite da proposta com feedback: 10/09/2025
Submissão do artigo (primeira rodada de revisões): 01/02/2026
Segunda rodada de revisões (previsão): 01/06/2026
O estudo das expressões culturais e artísticas no Brasil passou por uma expansão significativa na última década, em grande parte devido à internacionalização da academia, aos efeitos da formulação de políticas e às dinâmicas de mercado transitórias nos domínios artísticos e culturais. Desde o mandato presidencial de Dilma Rousseff entre 2011 e 2016, o Brasil tem estado relativamente ausente de uma política estruturada em relação aos setores cultural e criativo.
Enquanto expressões culturais de base, comunitárias e tradicionais existem em grande parte independentemente dos mercados e governos, outras profissões criativas, que necessitam mais de regulamentação e apoio, permanecem em grande parte invisíveis em seus valores econômicos e simbólicos. Embora seja economicamente poderosa, o que chamamos de "economia criativa" representa uma série de carreiras, empresas e instituições formais e mais informais, com acesso variado a fundos e formas de garantir a sustentabilidade.
Além disso, o país apresenta grandes divisões quando se trata de arte popular e cânone. Algumas expressões culturais comerciais (como o sertanejo) atraem públicos com uma velocidade maior do que as típicas infraestruturas "elitistas" das artes (por exemplo, galerias, museus, cinemas de arte, teatros, dança, entre outros). Embora esse cenário pareça bastante dividido, nuances podem ser observadas ao analisar casos da vida real.
De uma forma ou de outra, os setores cultural e criativo (CCS) no Brasil são uma categoria polifônica que atualmente serve para pouco mais do que agregação estatística de uma miríade de expressões que dificilmente podem ser agrupadas da maneira como são produzidas e consumidas.
Acolhemos estudos que visam desdobrar essas dinâmicas a partir de uma perspectiva empírica clara: uma carreira, uma organização, uma empresa, um indivíduo, um grupo, um ecossistema, por exemplo. Este chamado para submissão de artigos, portanto, adota uma abordagem interdisciplinar necessária para desvendar as complexidades do CCS a partir de vários pontos de entrada. Diferentes tradições teóricas podem ser consideradas na edição especial (veja o item “áreas de interesse abaixo”).
Perguntas orientadoras:
Acolhemos contribuições de gestão cultural, economia cultural e política cultural, sociologia da cultura e outros subdomínios interessados em discutir e responder à pergunta: Como é criar, produzir e distribuir artes e cultura no Brasil? Quais são as especificidades do caso brasileiro quando se trata de organizar o ecossistema do CCS? Como trabalhadores, criadores, produtores independentes, empresas e instituições navegam pelas complexidades das reviravoltas políticas a cada quatro anos e garantem uma continuidade relativa? Quais tensões e desafios surgem ao trabalhar com cultura no Brasil, do ponto de vista econômico e não econômico? Quais são as potenciais avenidas de formulação de políticas? Quais caminhos existem para garantir financiamento, recursos e recompensas à produção das artes e da cultura?
Essas são diversas questões que ajudam a orientar a perspectiva dos pesquisadores em direção a uma análise contemporânea e aprofundada sobre como a cultura acontece no Brasil. Focamos propositalmente nas fases de pré-consumo e pré-audiência, o que significa que estamos mais interessados nas formas de produção, criação e distribuição que permeiam as artes e a cultura no Brasil, e menos nas preferências do público ou nos padrões de consumo. Algumas formas de criação adotam um formato organizacional mais coletivo ou individual, o que também afeta a maneira como os atores buscam financiamento e sua alocação. Nesse sentido, também estamos interessados no papel que o financiamento e o recurso financeiro desempenham na produção cultural.
Áreas de interesse:
Empiricamente, buscamos contribuições que declarem claramente seus domínios de interesse (por exemplo, cinema, teatro, música, publicação de livros, etc.) e sua unidade de análise (por exemplo, uma pessoa, uma carreira, um grupo de pessoas, uma política, uma empresa, uma instituição etc.). Os estudos devem anunciar suas fundamentações teóricas e tradições, a fim de entender suas contribuições conceituais de forma clara. Evitamos contribuições que sejam puramente descritivas de uma cena/situação/expressão cultural sem refletir sobre suas implicações teóricas/conceituais. O chamado para submissão de artigos tem preferência por estudos qualitativos ou quantitativos, revisões de literatura, ensaios teóricos ou análises históricas que se concentrem em casos desenvolvidos no Brasil.