CULTURA, TURISMO E DESENVOLVIMENTO SOCIOTERRITORIAL: CRIATIVIDADE E INTELIGÊNCIA NAS BORDAS DA METRÓPOLE

Autores

  • Thiago Allis Universidade de São Paulo
  • João Alcantara de Freitas Universidade de São Paulo
  • Isabela Tibério de Jesus Universidade de São Paulo
  • Karina Santos Goes Universidade de São Paulo
  • Levi Andrade da Silva Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.25112/bcij.v2i2.3100

Palavras-chave:

Cidades inteligentes, Turismo de resistência, Perus (São Paulo/Brasil)

Resumo

Este artigo tem por objetivo problematizar visões de políticas e projetos de cidades inteligentes centradas na aplicação de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) (cf. WIIG, 2016; SHELTON et al., 2015; SÖDERSTRÖM et al., 2014). Nossas lentes foram calibradas para buscar, identificar e registrar o uso e a reprodução de tecnologias sociais como manifestação de outras inteligências, diferentes das que geralmente são acionadas quando se fala em smart cities ou mesmo smart destinations, no caso específico do turismo. Para isso, partimos de um paradigma de desenvolvimento tecnológico alternativo, com potencial de gerar conjunções mais inclusivas, participativas e democráticas, baseando-se na visão local dos cidadãos como agentes emancipadores, com capacidade de tomar decisões sobre as tecnologias que concebem, utilizam e difundem (POZZEBON; FONTENELLE, 2018). De maneira específica, buscou-se compreender como tais iniciativas mobilizam práticas e discursos no campo do turismo, como visitas guiadas aos seus respectivos territórios, hospedagens, excursões e eventos culturais realizados pela Comunidade Cultural Quilombaque, no distrito de Perus, em São Paulo. Como inferências possíveis ao momento, nota-se que a inteligência que emana dos territórios é responsável por expressões de articulação de movimentos que propõem visibilidade e transformações sócio-econômicas, muitas vezes ao largo de tênues ou mesmo ausentes políticas públicas específicas. Assim, a produção de territórios criativos - diferente do que se observa em muito das práticas correntes na literatura - se dá em função de engajamento social, resistência coletiva e proposições comunitárias, como substrato para produção de ações do Estado e outros agentes sociais e econômicos.

Biografia do Autor

Thiago Allis, Universidade de São Paulo

Doutor em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade de São Paulo (São Paulo/Brasil). Professor e Líder do Grupo de Pesquisa em Mobilidades e Turismo (MobTur) na Universidade de São Paulo (São Paulo/Brasil). Email: thiagoallis@usp.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9070-7928

João Alcantara de Freitas, Universidade de São Paulo

Doutor em História, Política e Bens Culturais pela Fundação Getúlio Vargas (Rio de Janeiro/Brasil). Pós-Doutorando na Universidade de São Paulo (São Paulo/Brasil). E-mail: joaofreitas@id.uff.br. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-1132-8293

Isabela Tibério de Jesus, Universidade de São Paulo

Graduanda em Geografia pela Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (São Paulo/Brasil). Membro do grupo de pesquisa MobTur e bolsista de iniciação científica na Universidade de São Paulo (São Paulo/Brasil). Email: isa.tiberio@usp.br. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-5023-4572

Karina Santos Goes, Universidade de São Paulo

Graduanda em Geografia pela Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (São Paulo/Brasil). Membro do grupo de pesquisa MobTur e bolsista de iniciação científica na Universidade de São Paulo (São Paulo/Brasil). E-mail: karina.s.goes@usp.br. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-9521-3065

Levi Andrade da Silva, Universidade de São Paulo

Graduando em Geografia pela Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (São Paulo/Brasil). Membro do grupo de pesquisa MobTur e bolsista de iniciação científica na Universidade de São Paulo (São Paulo/Brasil). Email: leviandradegeo@usp.br. Orcid: https://orcid.org/0000-0003-0539-5286

Referências

ANDERSSON, Å. E. Creative People Need Creative Cities. In: ANDERSSON, D. E.; ANDERSSON, Å. E.; MELLANDER, C. (Eds.). Handbook of Creative Cities. Cheltenham: Edward Elgar Publishing, 2011.

BOLAND, P.; MURTAGH, B.; SHIRLOW, P. Neoliberal place competition and culturephilia: explored through the lens of Derry~Londonderry. Social & Cultural Geography, v. 21, n. 6, p. 788-809, 2018. DOI: 10.1080/14649365.2018.1514649.

CAMPOS, D. M. G. Potencialidades para criação do Território de Interesse da Cultura e da Paisagem (TICP) Jacu-Pêssego, zona leste da cidade de São Paulo. Dissertação, Universidade de São Paulo, 2017.

CAVACO, M. F. F. B. Territórios criativos conceptualização, implementação e avaliação. 2014. Tese de Doutorado.

CHAUÍ, M. S. Público, privado, despotismo. Ética. Sao Paulo: Secretaria Municipal de Cultura/Companhia das Letras, 1992.

CLOSS, L. Q. et al. Das cidades aos territórios criativos: um debate a partir das contribuições de Milton Santos. ENCONTRO DA ANPAD, 38. Anais... Rio de Janeiro, p. 13-17, 2014.

COVAS, M. M. C. de M.; COVAS, A. M. A. Cidades inteligentes e criativas e smartificação dos territórios: apontamentos para reflexão. DRd - Desenvolvimento Regional em debate, [S. l.], v. 10, n. ed.esp., p. 40–59, out. 2020.

D’ANDREA, P. T. A formação dos Sujeitos Periféricos. Cultura e Política na Periferia de São Paulo, 2013. 309 f. Tese (Doutorado em “Sociologia”) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

DAGNINO, R. Dimensões para a análise e desenvolvimento de tecnologia social. Tecnologia social: contribuições conceituais e metodológicas, p. 185-206, 2014.

DE JESUS, V. M. B.; DAGNINO, R. P. Elementos Transformadores e Obstáculos para Superação da Resistência Sociotécnica em Experiências de Tecnologia Social. Ciência & Tecnologia Social, v. 1, n. 2, p. 54-75, 2013.

DE LEMOS AZEVEDO, D. Os mortos não pesam todos o mesmo. Uma reflexão sobre atribuição de identidade política às ossadas da Vala de Perus. Papeles del CEIC. International Journal on Collective Identity Research, n. 2, p. 1-20, 2019.

FANI, A.; VOLOCHKO, D.; ALVAREZ, I. (orgs.). A Cidade Como Negócio - 1.ed., 1° reimpressão. - São Paulo: Contexto, 2020.

FEATHERSTONE, M. Cultura de consumo e pós-modernismo. São Paulo: Studio Nobel, SESC, 1995 [1990].

FERNANDES, K. R.; ZANELLI, C. O processo de construção e reconstrução das identidades dos indivíduos nas organizações. Revista de Administração Contemporânea, v. 10, n. 1, p. 55-72, 2006.

FLORIDA, R. The Rise Of The Creative Class: And How It’s Transforming Work, Leisure, Community And Everyday Life. New York: Basic Books, 2002.

FLORIDA, R. Cities and the Creative Class. 1. ed. [s.l.]: Routledge, 2005.

HALL P. Creative Cities and Economic Development. Urban Studies, n. 37, v. 4, p. 639-649, 2000.

Hospers, G. J. Creative cities: Breeding places in the knowledge economy. Knowledge Technology Policy, v. 16, p. 143–162, 2003.

HARVEY, D. From Managerialism to Entrepreneurialism: The Transformation in Urban Governance in Late Capitalism. Geografiska Annaler: Series B, Human Geography, v. 71, n. 1, p. 3-17, 1989. DOI: 10.1080/04353684.1989.11879583.

HARVEY, D. O direito à cidade. Lutas sociais, 29, 2012.

HOLSTON, J. Espaços de cidadania insurgente. In: Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, n. 24, p. 243–253, 1996.

HOLLANDS, R. Will the Real Smart City Please Stand Up? Creative, Progressive or Just Entrepreneurial? City: Analysis of Urban Trends, Culture, Theory, Policy, Action, v. 12, p. 303-320, 2008.

KAUFMANN, V.; BERGMAN, M. M.; JOYE, D. Motility: Mobility as Capital. International Journal of Urban and Regional Research, v. 28, n. 4, p. 45-56, 2004.

LEFEBVRE, H. O direito à cidade. São Paulo: Centauro, 2008 [1968].

LASH, S.; URRY, S. Economies of signs & spaces. London: Sage, 1994.

MACHADO, J. A. S. Ativismo em rede e conexões identitárias: Novas Perspectivas para os Movimentos Sociais. Sociologias, p. 248-285, 2007.

PERIA, P. V. G. Museu-Território, Turismo-Resistência. Política pública, ação pública e narrativa sobre o esquecimento e a memória, 2022. 228 f. Dissertação (Doutorado em Administração Pública e Governo) - Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2022.

POZZEBON, M.; FONTENELLE, I. A. Fostering the post-development debate: the Latin American concept of tecnologia social. Third World Quarterly, v. 39, n. 9, p. 1750–1769, 2018.

REIS, A. C. F. Cidades Criativas. Análise de um conceito em formação e da pertinência de sua aplicação à cidade de São Paulo. 2011. 312 f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade de São Paulo, São Paulo, São Paulo, 2011.

Rolnik, R. O que é cidade. Brasiliense, 2017.

SANDEVILLE JR., E. Paisagens Partilhadas. Tese de livre docência. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 2011.

SANTOS, M. Por uma geografia nova. São Paulo: Hucitec, 1978.

SANTOS, M. O dinheiro e o território. GEOgraphia, v. 1, n. 1, p. 7-13, 1999.

SANTOS, J. F. F. As cidades criativas como modelo dinamizador do destino turístico. 2011. 151 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento de Produtos de Turismo Local) - Instituto Politécnico de Tomar, 2011.

SCARPATO, L. E. L.; ASHTON, M. S. G.; SCHREIBER, D. Elementos para uma cidade criativa: uma análise de Kortrijk, Bélgica. Rosa dos Ventos Turismo e Hospitalidade, v. 13, n. 1, p. 109-128, 2021.

SCARPATO, L. E. L.; ASHTON, M. S. G.; SCHREIBER, D. Vida cotidiana no mundo moderno. São Paulo: Ática Ed., 1991.

SHELTON, T.; ZOOK, M.; WIIG, A. The ‘actually existing smart city’. Cambridge Journal of Regions, Economy and Society, v. 8, n. 1, p. 13–25, 1 mar. 2015.

Scifoni, S. Interpretar qual Patrimônio? A experiência do Inventário Participativo do Minhocão, São Paulo. Simpósio Científico do ICOMOS, 3. Brasil, Belo Horizonte/MG - 2019.

SCIFONI, S. Tombamento e participação social: experiência da Vila Maria Zélia, São Paulo-SP. Revista CPC, v. 22, 176-192, 2017.

SÖDERSTRÖM, O.; PAASCHE, T.; KLAUSER, F. Smart cities as corporate storytelling. City, v. 18, n. 3, p. 307–320, 4 maio 2014.

SOUZA, V. de. Políticas culturais em São Paulo e o direito à cultura. Políticas Culturais em Revista, [S. l.], v. 5, n. 2, p. 52–64, 2012.

WIIG, A. The empty rhetoric of the smart city: from digital inclusion to economic promotion in Philadelphia. Urban Geography, v. 37, n. 4, p. 535–553, 18 maio 2016.

Downloads

Publicado

2022-09-13