Chamada para submissão de trabalhos: Cultura, artes e economia: um olhar sobre a produção cultural, mercados e políticas no Brasil contemporâneo
Editores convidados: Carolina Dalla Chiesa (Artes e Culture, Erasmus University Rotterdam); Anders Rykkja (Departamento de Artes, Queen's University Belfast), Eduardo Davel (Escola de Gestão, Universidade Federal da Bahia).
O estudo das expressões culturais e artísticas no Brasil passou por uma expansão significativa na última década, em grande parte devido à internacionalização da academia brasileira, aos efeitos da formulação de políticas e às dinâmicas de mercado nos domínios artístico e cultural. Após o mandato presidencial de Dilma Rousseff (2011 a 2016), pouco foi continuado em termos de políticas para os setores culturais e criativos. Pode-se dizer que o contexto atual se caracteriza pela continuidade de expressões culturais de base, comunitárias e tradicionais fora e dentro das lógicas de mercado, algumas delas apoiadas pelo poder público enquanto outras seguem à margem.
Embora economicamente poderoso, o que chamamos de "economia criativa" abrange uma gama extremamente diversa de carreiras, empresas e instituições formais ou informais, com acesso variado a fundos e meios para garantir sua sustentabilidade. De uma forma ou de outra, os setores culturais e criativos no Brasil constituem-se como uma categoria bastante polifônica, por vezes tributárias do conceito internacional de “creative industries”, mas não necessariamente representativa de todas as formas de expressões culturais locais.
Além disso, o Brasil apresenta divisões internas significativas quanto à apreciação da arte popular versus o cânone artístico de maneira similar a outros países onde produtos culturais são perpassados por gênero, classe social e etnia. Algumas expressões culturais comerciais (como o sertanejo, por exemplo) atraem audiência mais facilmente que as típicas infraestruturas das artes (galerias, museus, cinema de arte, teatro, dança e outros) caracterizada por certo elitismo.
Para este número especial da Brazilian Creative Industries, convidamos manuscritos que visem discutir o estado atual da cultura no Brasil e as dinâmicas da economia criativa locais a partir de um ponto de vista empírico e/ou teórico. Privilegiamos contribuições que delimitem seu campo empírico, unidade de análise e teorias claramente de modo a contribuir com o avanço teórico desde uma perspectiva local
Privilegiamos propositalmente as fases pré-consumo, ou seja, nos interessamos pelas formas de produção, criação e distribuição das artes e a cultura no Brasil, seus mercados e políticas publicas. Algumas formas de criação adotam formatos organizacionais mais ou menos coletivo; mais ou menos dependente da esfera de consumo. Estes aspectos em grande parte condicionam a maneira pela qual os atores culturais acessam financiamento para a cultura. Nesse sentido, também estamos interessados em como as formas de financiamento da cultura (tradicionais e contemporâneas) fazem emergir diversas expressões culturais.
Perguntas orientadoras:
Este chamado para artigos adota uma abordagem interdisciplinar necessária para desvendar as complexidades da cultura a partir de várias perspectives, métodos e teorias. Aceitamos contribuições advindas de vários campos acadêmicos (gestão cultural, economia cultural, política cultural, economia política da cultura, sociologia da cultura, sociologia econômica, sociologia e antropologia da cultura, etc.) desde que interessadas em discutir e responder perguntas como:
· Como os artistas e produtores (ou seja, artistas individuais ou organizações) criam, produzem e distribuem suas obras no Brasil? Que modelos organizacionais permeiam a criação da cultura no Brasil?
· Quais são as especificidades do caso brasileiro quanto ao ecossistema do das indústrias culturais e criativas? Onde situam-se, com foco em que áreas, quais resultados obtém, quais desafios e possibilidades apresentam tais ecossistemas culturais?
· Como os conceitos de ecologia criativa e ecossistema criativo abrem novas direções para a pesquisa sobre os campos culturais e criativos no Brasil? Que dimensões teóricas e empíricas podem informar a pesquisa no Brasil?
· Como trabalhadores da cultura, criadores independentes, empresas e instituições navegam pelas complexidades das mudanças políticas a cada quatro anos e garantem relativa continuidade de sua oferta? Que estruturas de financiamento se aliam as necessidades da cultural brasileira?
· Quais tensões e desafios surgem ao trabalhar com cultura no Brasil de uma perspectiva econômica e não econômica? Como atores navegam necessidades de mercado na produção cultural?
· Quais são as possíveis avenidas para a formulação de políticas? · Quais caminhos existem para garantir financiamento, financiamento e recompensa à produção artística e cultural?
Áreas de interesse:
Empiricamente, buscamos contribuições que declarem claramente suas áreas de interesse (por exemplo, cinema, teatro, festivais, música, publicação de livros, etc.) e sua unidade de análise (por exemplo, uma pessoa, uma carreira, um grupo de pessoas, uma política, uma empresa, uma instituição, um ecossistema, etc.). Os estudos devem anunciar suas fundamentações teóricas e tradições para dar clareza às suas contribuições conceituais. Evitamos contribuições que sejam puramente descritivas de uma cena cultural, situação ou expressão local sem refletir sobre suas implicações teóricas e empíricas. O chamado para artigos sugere estudos qualitativos ou quantitativos, revisões de literatura, ensaios teóricos ou análises históricas que se concentrem em casos desenvolvidos no Brasil.
Os artigos podem ser escritos em inglês ou português. Contribuições de dentro e fora do Brasil são bem-vindas, desde que os estudos de caso se refiram a realidades brasileiras.
Os artigos serão divididos em diferentes áreas de interesse e alocados a um editor correspondente que esteja mais familiarizado com as teorias e métodos escolhidos pelo autor. Artigos poderão ter uma, duas ou três rodadas de revisão.
Calendário:
Submissão da proposta de artigo (resumo de 500 palavras): 20/08/2025
Aceite da proposta com feedback: 10/09/2025
Submissão do artigo completo (primeira rodada de revisões): 01/02/2026