DEPOIS DA TEMPESTADE: DESENCONTROS NARRATIVOS ENTRE A COBERTURA JORNALÍSTICA DA TELEVISÃO DE MOÇAMBIQUE E DA EURONEWS SOBRE A PASSAGEM DO CICLONE IDAI POR MOÇAMBIQUE
DOI:
https://doi.org/10.25112/rpr.v2.3809Palavras-chave:
Social representations. Reality. Journalism. Global. Local.Resumo
A partir da teoria das representações sociais (TRS), bem como das teorias do agendamento social (agenda-setting) e do enquadramento noticioso (framing), foi desenvolvido um estudo sobre como a construção mediática se desenvolve a partir de uma agenda local e outra global. Recorrendo a metodologia da Análise Crítica do Discurso (ACD), foram analisadas um total de quatro peças jornalísticas produzidas, durante os primeiros dias após a passagem do ciclone Idai por Moçambique, em 2019, pela Televisão de Moçambique e pela Euronews (duas para cada meio de comunicação social). Desta análise resultam duas linhas de reflexão: 1) as fontes de informação foram selecionadas como mecanismo de visibilidade local, perante a omissão global da presença do Estado Moçambicano nas zonas afetadas; 2) O apelo à solidariedade como uma narrativa nacionalista local e “moralista” global. Este estudo apresenta ainda um breve debate sobre a (im)possibilidade de considerar o jornalismo como alternativa discursiva para a construção de abordagens mais equilibradas sobre a diversidade sociocultural entre países considerados como os centros do mundo e os da periferia. Por fim, este artigo sugere um maior investimento científico na teorização da possibilidade de um jornalismo colaborativo entre o centro e a periferia, entre o global e o local, entre os mútuos “outros”, capaz de assegurar a construção e a representação da realidade sobre desastres naturais e crises humanitárias que enalteçam, de forma holística, os esforços locais e globais para prestar apoio humanitário e na reconstrução pós-desastre.
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