ÀS PORTAS DAS CIDADES URBANA E CEMITERIAL NA CIDADE DE BELÉM (PA)

Autores

  • Elisa Gonçalves Rodrigues Universidade Federal do Pará
  • Flávio Leonel Abreu da Silveira Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.25112/rco.v1.2867

Palavras-chave:

Antropologia Urbana, Morte, Cemitério, Cidade

Resumo

O Cemitério Santa Izabel, localizado em plena metrópole urbana na cidade de Belém – PA, condensa uma série de inter-relações urbanas, imaginárias e emotivas que, ora o fazem aparecer em sua condição material inerte, ora o fazem emergir em uma dimensão carregada de simbolismos e, na medida em que emergem suas significações simbólicas, pode ser visto como uma cidade sutil, quase oculta na metrópole. Pensando esta cidade cemiterial, objetivamos fornecer alguns elementos à compreensão antropológica para a alta circulação de usuários e transeuntes em datas de forte apelo simbólico e coletivo que tematizam a morte, como é o caso do Dia dos Finados. Apoiados numa Antropologia Urbana na e da cidade, o recorte macro e microestrutural enfatizam as significações simbólicas do cemitério e dos ritos fúnebres a ele associados, bem como a relação de tais ritos com o trabalho do luto, para identificar suas práticas e relações diretas e indiretas com o Cemitério Santa Izabel, componente paisagístico e memorial relevante para o imaginário urbano na capital paraense. A partir desse recorte, é possível situar a cidade cemiterial, os ritos fúnebres e o Dia dos Finados como repertórios socioculturais para a realização da conduta de ir ao cemitério tendo por objetivo o trabalho do luto. Conclui-se que a alta circulação no espaço cemiterial no Dia dos Finados pode ser compreendida a partir da prática ritual que visa a dar conta deste trabalho.

Biografia do Autor

Elisa Gonçalves Rodrigues, Universidade Federal do Pará

Graduada pela Universidade Federal do Pará (Belém/Brasil). Mestranda pela Universidade Federal do Pará (Belém/Brasil). E-mail profissional: elisagoncalves00@gmail.com

Flávio Leonel Abreu da Silveira, Universidade Federal do Pará

Doutor pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Porto Alegre/Brasil). Professor Associado III da Universidade Federal do Pará (Belém/Brasil). E-mail: flabreu@ufpa.br

Referências

BAYARD, J. P. Sentido oculto dos ritos mortuários: Morrer é morrer? São Paulo: Paulus, 1996.

COSTA, S. P. da. (2017). Apontamentos para uma leitura de Georg Simmel. Diálogos, n. 3, v. 1, p. 291 - 307. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/Dialogos/article/view/37547. Acesso em: 03 nov. 2021.

DAMATTA, Roberto. A casa e a rua: Espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.

DURHAM, Eunice. A caminho da cidade. Editora Perspectiva, 1984.

ECKERT, C.; ROCHA, A. L. C. da. Etnografia de e na rua: estudo de antropologia urbana. In: ROCHA, A. L. C. da; ECKERT, C. Etnografia de rua: Estudos de Antropologia Urbana. Porto Alegre: EdUFRGS, 2013, pp. 21-46.

ELIADE, Mircea. História das crenças e das ideias religiosas. Volume I: da Idade da Pedra aos mistérios de Elêusis. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.

FERREIRA, Jonatas. Da vida ao tempo: Simmel e a construção da subjetividade no mundo moderno. RBCS, v. 15, n. 44, p. 103-117, 2000.

GENNEP, Arnold Van. Os ritos de passagem: estudo sistemático dos ritos da porta e da soleira, da hospitalidade, da adoção, gravidez e parto, nascimento, infância, puberdade, iniciação, coroação, noivado, casamento, funerais, estações, etc. Petrópolis: Vozes, 2011.

KOURY, Mauro Guilherme Pinheiro. Sofrimento íntimo: individualismo e luto no Brasil contemporâneo. RBSE, João Pessoa, v.1, n.1, p. 77-87, GREM, abril de 2002.

LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas: Unicamp, 1990.

MAFFESOLI, Michel. O poder dos espaços de representação. Revista Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, n. 116, 1994.

MAGNANI, José G. C. Da periferia ao centro, cá e lá: seguindo trajetos, construindo circuitos. Anuário Antropológico/2012, v. 38, n. 2, p. 53-72, 2013.

PÉTONNET, C. Observação Flutuante: o exemplo de um cemitério parisiense. Antropolítica, Niterói, n. 25, p. 99-111, 2. Sem. 2008. Disponível em: http://www.uff.br/antropolitica/revistasantropoliticas/revista_antropolitica_25.pdf. Acesso em: 03 nov. 2021.

PINTO, Corrêa. Belém. Rio de Janeiro: Companhia Gráfica Lux, 1968.

RODRIGUES, José Carlos. Tabu da morte. Rio de Janeiro: Achiamé, 1983.

SIMMEL, Georg. As grandes cidades e a vida do espírito (1903). Mana, n. 11, v. 2, p. 577-591, 2005.

SIMMEL, Georg. A ponte e a porta. Política & Trabalho, João Pessoa, n. 12, p. 10-14, set. 1996.

SIMMEL, Georg. Simmel: Sociologia. Coleção Grandes Cientistas Sociais. São Paulo: Editora Ática, 1983.

SILVEIRA, Flávio L. A. da. As paisagens fantásticas e o barroquismo das imagens. Estudo da memória coletiva dos contadores de causos da Região Missioneira do Rio Grande do Sul. 2004. 765 f. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2004.

SOUZA, Christiane Pantoja de; SOUZA, Airle Miranda de. Rituais Fúnebres no Processo do Luto: Significados e Funções. Psicologia: Teoria e Pesquisa [online], v. 35, e35412, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102.3772e35412. Acesso em: 30 out. 2021.

VELHO, Gilberto. Antropologia Urbana: Encontro de tradições e Novas Perspectivas. Sociologia, Problemas e Práticas, vol. 59, 2009.

VELHO, Gilberto. Individualismo, anonimato e violência na metrópole. Horizontes Antropológicos [online], v. 6, n. 13, 2000, p. 15-29. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-71832000000100002. Acesso em: 28 out. 2021.

VELHO, Gilberto. Projetos e metamorfoses: antropologia das sociedades complexas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994.

VELHO, Gilberto. Subjetividade e sociedade: uma experiência de geração. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1986.

Downloads

Publicado

2022-02-18

Como Citar

Gonçalves Rodrigues, E., & Abreu da Silveira, F. L. . (2022). ÀS PORTAS DAS CIDADES URBANA E CEMITERIAL NA CIDADE DE BELÉM (PA). Revista Conhecimento Online, 1, 67–85. https://doi.org/10.25112/rco.v1.2867