FÃ OU HATER? UMA APROXIMAÇÃO ENTRE OS ESTUDOS DE FÃS E A CULTURA DO CANCELAMENTO

Autores

  • Caroline Govari Universidade do Vale do Rio dos Sinos
  • Eloy Santos Vieira Universidade Federal de Sergipe
  • Rafaela Tabasnik Universidade do Vale do Rio dos Sinos

DOI:

https://doi.org/10.25112/bcij.v4i1.3731

Palavras-chave:

Estudo de Fãs, Cultura do Cancelamento, Cultura Digital

Resumo

Este artigo pretende articular os Estudos de Fãs e a Cultura do Cancelamento a partir de um estudo de caso específico. Para isso, realizamos uma revisão teórica baseada nos Estudos de Fãs a partir de Jenkins (1992), e o conectamos com o que Chiou (2021) elucida sobre a Cultura do Cancelamento. Metodologicamente, amparados por Hooks (2020), criamos uma linha do tempo para fazer uma análise de um episódio de cancelamento protagonizado pela cantora Pitty, no site de rede social X (antigo Twitter), em dezembro de 2023, depois de internautas interpretarem sua postagem como uma crítica direcionada à cantora Beyoncé. A ideia é que, a partir da análise deste acontecimento, possamos repensar alguns aspectos sobre o que Gray (2003) chamou de “antifãs” e, num segundo nível, avançar também numa proposta de categorização desses antifãs e/ou haters com base no que já foi feito por Monteiro (2013) e Gray (2019). Dessa forma, propomos uma reflexão sistemática da própria Cultura do Cancelamento no cenário midiático contemporâneo.

Biografia do Autor

Caroline Govari, Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos  - UNISINOS (São Leopoldo/Brasil). Professora Assistente na Escola da Indústria Criativa da Unisinos, onde coordena o Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades, Artes e Tecnologia, e a Graduação Tecnológica em Produção Fonográfica (Porto Alegre/Brasil). E-mail: carolgovari@unisinos.br

Eloy Santos Vieira, Universidade Federal de Sergipe

Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS (São Leopoldo/Brasil). Professor Visitante no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Sergipe - PPGCOM/UFS (São Cristóvão/Brasil). E-mail: eloy.vieira@academico.ufs.br.

Rafaela Tabasnik, Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Mestre em Ciências da Comunicação pela the Universidade do Vale do Rio dos Sinos (São Leopoldo/Brasil). Email: Rafaela.tabasnik@outlook.com.

Referências

ABIDIN, Crystal; KARHAWI, Issaaf. Influenciadores digitais, celebridades da internet e 'blogueirinhas': uma entrevista com Crystal Abidin. Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, v. 44, n. 1, p. 289–301, abr. 2021. DOI: https://doi.org/10.1590/1809-58442021114.

ALBERTO, T. P.; PEREIRA DE SÁ, S. As controvérsias de Morrissey e a Cultura do Cancelamento: Uma batalha nas guerras culturais da música pop. Revista Eco-Pós, v. 24, n. 2, p. 252–276, 2021. DOI: 10.29146/ecopos.v24i2.27697. Disponível em: https://revistaecopos.eco.ufrj.br/eco_pos/article/view/27697. Acesso em: 17 mar. 2024.

AMARAL, A.; SOUZA, R. V.; MONTEIRO, C. De westeros no #vemprarua à shippagem do beijo gay na TV brasileira. Ativismo de fãs: conceitos, resistências e práticas na cultura digital. Galaxia (São Paulo, Online), n. 29, p. 141-154, jun. 2015. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1982-25542015120250.

ARRIAGADA, Arturo; BISHOP, Sophie. Between Commerciality and Authenticity: The Imaginary of Social Media Influencers in the Platform Economy. Communication, Culture and Critique, 2021. DOI: 10.1093/ccc/tcab050.

BORGES, Maria Carmem Martinez; VIANA, Pablo Moreno Fernandes. Toxicidade nas Práticas de Fãs na Repercussão do filme Star Wars: Os Últimos Jedi. Revista GEMInIS, v. 11, n. 3, pp. 127-145, set./dez. 2020.

BOYD, danah. Social Network Sites as Networked Publics: Affordances, Dynamics, and Implications. In: PAPACHARISSI, Zizi (ed.). Networked Self: Identity, Community, and Culture on Social Network Sites. Nova York: Routledge, 2010. p. 39-58. Disponível em: <https://www.danah.org/papers/2010/SNSasNetworkedPublics.pdf>.

CHIN, Bertha. When Hated Characters Talk Back: Twitter, hate, and fan/celebrity interactions. In: CLICK, Melissa (ed.). Anti-Fandom: Dislike and Hate in the Digital Age. Nova York: New York University Press, 2019. p. 291-314.

CARLON, Mario. Público, privado e íntimo: el caso de Chicas Bondi y el conflicto entre derecho a la imagen y libertad de expresión en la circulación contemporânea. In: CASTRO, Paulo César. Dicotomia público/privado: estamos no caminho certo?. Maceió: Edufal. 2015.

CHIOU, Rocco. We Need Deeper Understanding About the Neurocognitive Mechanisms of Moral Righteousness in a Era of Online Vigilantism and Cancel Culture. AJOB Neuroscience, v. 11, n. 4, p. 297-299, 2020.

EVANS, Adrienne; STASI, Mafalda. Desperately seeking methodology: New directions in fan studies research. Participations – Journal of Audience and Reception Studies, v. 11, issue 2, p. 4-23, nov. 2014. Disponível em: <https://www.participations.org/volume-11-issue-2/>. Acesso em: 16 mar. 2024.

HOOKS, A. M. Cancel culture: posthuman hauntlogies in digital rhetoric and the latent values of virtual community networks. 2020. Tese (Mestrado em Língua Inglesa) – Faculdade de Letras, Universidade do Tennessee, Estados Unidos.

GLOBAL VOICES. Se quer entender o Brasil, conheça os seus memes. 2017. Disponível em: <https://pt.globalvoices.org/2017/10/08/se-quer-entender-o-brasil-conheca-os-seus-memes/>. Acesso em: 18 mar. 2024.

GOLDHABER, M. The attention economy and the net. First Monday, v. 2, n. 4, 1997. DOI: https://doi.org/10.5210/fm.v2i4.519.

______. The value of openness in an attention economy. First Monday, jun. 2006. DOI: https://doi.org/10.5210/fm.v11i6.1334.

GRAY, J. New Audiences, New Textualities: Anti-Fans and Non-Fans. International Journal of Cultural Studies, v. 6, n. 1, p. 64-81, 2003. DOI: https://doi.org/10.1177/1367877903006001004.

______. How Do I Dislike Thee? Let Me Count the Ways. In: CLICK, Melissa A. (ed.). Anti-Fandom: Dislike and Hate in the Digital Age. Nova York: New York University Press, 2019. p. 25-41. DOI: https://doi.org/10.18574/nyu/9781479866625.003.0004.

GUERRERO-PICO, Mar et al. Killing off Lexa: ‘Dead Lesbian Syndrome’ and intra-fandom management of toxic fan practices in an online queer Community. Participations, v. 15, issue. 1, p. 311-333, mai. 2018.

JENKINS, Henry. Textual poachers: Television fans and participatory culture. Nova York: Routledge, 1992.

JOHNSON, Derek. Fantagonism: factions, institutions, and constitutive hegemonies of fandom. In: GRAY, J.A.; SANDVOSS, C.; HARRINGTON, C.L. (eds). Fandom: identities and communities in a mediated world. 2. ed. atual e ampl. Nova York: New York University Press, 2017. p. 369-386.

LINDQUIST, J.; WELTEVREDE, E. Negotiating Authenticity in the Market for Fake Followers on Social Media. Items: Insights from the Social Sciences, 2021. Disponível em: <https://items.ssrc.org/beyond-disinformation/negotiating-authenticity-in-the-market-for-fake-followers-on-social-media/>.

LUHMANN, Nicklas. A realidade dos meios de comunicação. São Paulo: Paulus, 2005.

MARTINO, Luís Mauro de Sá. Três hipóteses sobre as relações entre mídia, entretenimento e política. Revista Brasileira de Ciência Política, nº 6, p. 137-150, jul./dez. 2011.

MASSANARI, A. #Gamergate and The Fappening: How Reddit’s algorithm, governance, and culture support toxic technocultures. New Media & Society, v. 19, n. 3, p. 329-346, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1177/1461444815608807.

MEYER, Thomas. Media democracy. London: Polity, 2002.

MONTEIRO, Camila Franco. Fãs, só que ao contrário: um estudo sobre a relação entre fãs e antifãs a partir do fandom da banda Restart. 2013. 209 f. Dissertação (Pós-Graduação em Ciências da Comunicação) - Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, RS, 2013.

ONG, J.C.; CABANES, J.V. Architects of Networked Disinformation: Behind the Scenes of Troll Accounts and Fake News Production in the Philippines. 2018. doi: 10.7275/2cq4-5396.

PEREIRA DE SÁ, Simone. "'O dia em que Beyoncé se tornou negra': notas para análise do videoclipe 'pós-MTV'". In Mapeando cenas da música pop: materalidade, redes e arquivos, org. por Adriana Amaral et al., 17-47. João Pessoa, Brasil: Marca de Fantasia, 2019.

______________. Música pop-periférica brasileira: videoclipes, performances e tretas na cultura digital. Brasil: Appris, 2021.

POSTMAN, Neil. Amusing ourselves to death. London: Penguin, 1986.

POELL, Nieborg, van Dijck. Plataformização. Revista Fronteiras – estudos midiáticos, v. 22, n. 1, p. 2-10, jan./abr. 2020. Unisinos. DOI: 10.4013/fem.2020.221.01.

PROCTOR, W. et al. On toxic fan practices: A round-table. Participations, v. 15, n. 1, p. 24, 2018.

PUTNAM, Robert. Bowling alone. New York: Simon & Schuster, 1995.

RODRIGUES, Eduardo; SOARES, Thiago. #FreeBritney: Mobilização, cultura de especulação e experiência de fã. Comunicon 2021. Anais - Grupos de Trabalho de Pós-Graduação. Disponível em: <https://comunicon.espm.edu.br/anais-pos/>. Acesso em: 16 mar. 2024.

STREET, John. Rebel rock. London: Blackwell, 1986.

VAN ZOONEN, Liesbet. "Imagining fan democracy". European Journal of Communication, v. 19, n. 1, p. 39-52, 2004. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/249720671_Imagining_the_Fan_Democracy>.

_______. Entertaining the citizen. London: Bowman & Littlefield, 2005.

VIEIRA, Eloy Santos. O lugar do fandom no processo produtivo das indústrias culturais no contexto da cultura da convergência: os casos de "Doctor Who Brasil" e "Universo Who". 2016. 145 f. Dissertação (Pós-Graduação em Comunicação) - Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE, 2016.

Downloads

Publicado

2024-10-18