CORPO E ÁGUA: UM MERGULHO NAS INTERAÇÕES DO CORPO DEFICIENTE FÍSICO
DOI:
https://doi.org/10.25112/rco.v1.2970Palavras-chave:
Deficiência física, Corpo-água, Liberdade de movimento, Atividade Motora AdaptadaResumo
O presente estudo consiste em compreender os sentidos que são construídos à relação do corpo deficiente físico com a água. Devido às propriedades do meio, todos os movimentos executados no meio líquido são percebidos pelos sujeitos de modo diverso ao meio terrestre e possibilitam novos sentidos e significados vivenciados por esses corpos. A pesquisa contou com a participação de sete (7) nadadores atletas, seis (6) deficientes físicos e um (1) deficiente visual, de ambos os sexos, de um clube de Porto Alegre, todos eles vinculados à mesma equipe de natação. Como estratégia de produção dos dados, optou-se pela entrevista semiestruturada. Depois de transcritos, os depoimentos foram analisados a partir dos pressupostos da “análise temática”. Como resultado, os sujeitos relataram diferentes sensações e emoções relacionadas à sua maior liberdade de movimentos decorridos pelas características do meio. Logo, a água emerge como um vetor importante na construção de novas possibilidades de vivenciar, de estar diante de sua corporeidade, na medida em que o corpo se encontra livre para se deslocar, longe de amarras ou de qualquer material. Além do mais, as relações estabelecidas nesta equipe acionam uma movimentação entre os corpos, que despertam noções de coletividade e pertencimento e colaboram para a positivação de suas experiências com o meio e para a construção de suas identidades. Este cenário cria problematizações importantes para a construção e desconstrução das gramáticas corporais produzidas socialmente.
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