MIME-Version: 1.0 Content-Type: multipart/related; boundary="----=_NextPart_01D68B4C.EDEB1430" Este documento é uma Página da Web de Arquivo Único, também conhecido como Arquivo Web. Se você estiver lendo essa mensagem, o seu navegador ou editor não oferece suporte ao Arquivo Web. Baixe um navegador que ofereça suporte ao Arquivo Web. ------=_NextPart_01D68B4C.EDEB1430 Content-Location: file:///C:/85899A35/05.htm Content-Transfer-Encoding: quoted-printable Content-Type: text/html; charset="us-ascii"
Estudo
da viabilidade TÉCNICA do processamento de resíduos de espuma
flexível de poliuretano por um moinho de facas
Study of the TECHNICAL viability of flexible
polyurethane foam waste processing by a knife mill
Marcio Eduardo Marquez marcio100281@gmail.com
Mestre em Tecnologia dos Materiais e Processos Industriais
pela Feevale (Novo Hamburgo/Brasil)
Fabrício Celso fabriciocelso@feevale.br
Doutor em Ciências dos Materiais pela UFRGS (Porto
Alegre/Brasil)
Resumo
A necess= idade de encontrar meios para reciclar materiais que até então eram ap= enas descartados no meio ambiente traz também a necessidade de conhecermo= s a viabilidade de alguns processos em meio industrial, avaliando-os não apenas financeira, mas também tecnicamente, por meio do uso de equipamentos de fácil acesso, manuseio e manutenção. Pensando nisso, este trabalho busca aplicar o processo de trituração por moinho de facas a espumas flexíveis de poliuretano, nas quais ainda se percebe carência de estudos em se tratando de sua redução de partículas por meio de processos industriais. Com o uso de um moinho de facas, buscou-se moer apar= as da fabricação de assentos sanitários, sendo que a capacidade do processo e a granulometria final do material triturado foram quantitativamente avaliados e o fluxo de material bem como a moagem em si, foram avaliados qualitativamente. Com uma capacidade aproximada de 1 kg/h, = uma granulometria apresentando 46,3% das partículas com dimensões= de 2,01 a 4,00mm, fluxo e moagem insatisfatórios, este processo, tal co= mo estudado neste trabalho, foi considerado ineficiente na busca de trituração da espuma flexível de poliuretano, mantendo= a necessidade de buscar ainda, em meio industrial, solucionar um problema de processo de reciclagem deste material.
Palavras-chave: Espuma Flex&iacut= e;vel de Poliuretano. Moinho de facas. Capacidade. Granulometria.
ABSTRACT
The need of to find ways to =
recycle
materials those only were leave on the environment, brings the need in to k=
now
the viability of some processes in industrial scale, evaluating them not ju=
st
financially form but technically to, by the use of com=
mun,
and cheaps, and easily mai=
ntenece
equipements.Therefore, this paper aims to apply=
the
grind process by knife mill to flexible polyurethane foams those don’t
has a great variety of studys about their reduc=
tion
particle size by processes in industrial scale. Using a knife mill, some fo=
am burrs
from the toilet seat fabrication were grinded, and the process capability, =
as
much as the material granulometry, were quantitatively measured. The materi=
al
flow into the knife mill and the grinder process were qualitatively evaluat=
ed.
With a capability around 1 kg/h and a granulometry with 46,3% of the particules size around 2,01 to 4,00mm, and flow, and =
grind unsatisfactory,
this process, in that way, was considerd ineffi=
cient
in find a form of to grind flexible polyurethane foam, and it takes necessa=
ry,
in industrial way, to solve a problem for reciclyng these kind of material.
Keywords: Flexible polyurethane foam. Knife mill. Capabil= ity. Granulometry.
1 Introdução
A poluição causada por resíduos industriais tem gerado grande impacto ambiental o que leva a frequentes estudos de maneiras diferentes de reaproveitamento e reciclagem dos mesmos. Para tanto, é necessário que além de estudos em meio laboratorial, sejam necessários estudos de viabilidade técnica, uma vez que, o que torna um processo factível, em meio industrial, é sua complexidade, sendo que quanto mais complexo e dispendioso, menor sua probabilidade de ser absorvido pela indústria.
Dentro deste cenário, levanta-se a necessidade de estudos volt=
ados
para experimentos que visam as aplicações em meio industrial,
focando nos equipamentos que normalmente as empresas possuem em suas &aacut=
e;reas
de manufatura e a forma como o processo se comportará na busca pela =
transformação
física dos resíduos, habilitando estes para um novo processam=
ento
e, finalmente, reduzindo ou até mesmo eliminando um resíduo
industrial, potencialmente nocivo para o meio ambiente.
2 REVISÃO DA LITERATURA
Os poliuretanos foram desenvolvidos primeiramente pelo alemão Otto Bayer em meados da década de 1930, primeiramente = com o intuito de substituir a borracha. Hoje, este material é cada vez m= ais aplicado em soluções diversas para a humanidade, tais como co= mponentes para tintas, peças para a indústria automotiva, brinquedos, equipamentos esportivos, industriais, soluções para constru&c= cedil;ão civil, como isolamentos térmico e/ou acústico e também= no segmento de conforto, principalmente como colchões, travesseiros e assentos (VIEIRA et al., 2018).=
Segundo Simón et al. (2018), o poliuretano hoje é o 6º polímero mais consumido no mundo, com 18 milhões de toneladas produzidas por ano e, segundo Singh et al. (2019), pouco mais de 50% desta produção é de espuma flexível.
Os poliuretanos são oriundos da reação entre um = poliol, que pode ser polié= ;ter ou poliéster, como, por exemplo, um monômero contendo hidroxil= a reativa (um diálcool ou um álcool com mai= s de dois grupos hidroxilas reativos), como um polipropileno glicol (PPG), politetrametileno glicol (PTMG); com diisocianato ou um isocianato polimérico, como, por e= xemplo, diisocianato difenilmetano= (MDI) ou tolueno diisocianato (TDI), na presença de catalisadores e aditivos, especialmente prolongadores de= cadeia (NIKJE et al., 2011).
Devido a estas características de obtenção do poliuretano, ele torna-se um polímero termofixo= , o que lhe confere a impossibilidade de ser reciclado por meio de transforma= ções que envolvam uma nova fusão, como os meios utilizados para os termoplásticos (CARMO et al<= /i>., 2020).
Conforme Suleman et al. (2014), as espumas de poliuretano se classificam em dois
tipos, as espumas rígidas e as flexíveis, que se diferenciam
primeiramente pela estrutura de suas células, que são abertas=
nas
flexíveis e fechadas nas rígidas, sua apresentaç&atild=
e;o
mecânica, em termos de rigidez e, consequentemente, suas
aplicações, onde as espumas flexíveis são para
aplicações em colchões, assentos e travesseiros e a es=
puma
rígida para isolamentos tanto térmicos quanto acústico=
s.
No processo para
obtenção de espumas de poliuretano, os resíduos fazem-=
se
presentes de maneira praticamente inevitável, uma vez que a
reação gera uma expansão do material, e se pretende qu=
e ele
preencha espaços vazios (moldes ou peças ocas) que contê=
;m
apenas o ar interno, que vai sendo pressionado com o avanço da espum=
a.
Para promover um bom preenchimento, alguns pontos geralmente permanecem abe=
rtos,
permitindo um vazamento da espuma para posterior fechamento. Mesmo processos
eficientes apresentam um índice de resíduo de 3% a 5%, sendo =
que
os processos mais artesanais podem apresentar 5% a 15% de resíduos (=
FÓRUM
INTERNACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS, 2016).
Estes resíduos do processo que, de alguma forma são des=
cartados
pelas empresas, geram um grande problema ambiental que traz consigo
questões regulatórias, as quais, todos os países devem
obedecer acerca de seus resíduos e que se não obedecidos em
conformidade impactam também nos custos de fabricação,
seja através de adequações ambientais ou até
sanções aplicadas por órgãos responsávei=
s, e
que tem origem, basicamente, no esgotamento dos aterros (ZIA et a=
l.,
2007).
Sendo assim, novas soluções em reciclagem estão sendo buscadas para solucionar este problema que cresce assim como o consum= o do poliuretano. Segundo Post et al. (2019) os termofixos, como o poliuretano, apesa= r de terem suas ligações cruzadas que limitam sua reciclabilidade, podem ser reciclados de forma mecânica, térmica ou quím= ica. Porém, de forma geral, isto requer muita energia e não se che= ga a matéria prima de origem, sendo então recomendado que esta família de materiais, no pós consumo, seja aplicado como carg= a, fibra ou substrato, como forma de reciclagem ou reaproveitamento.
Dentro de um contexto =
geral,
o método mais comum de reciclagem de polímeros é a
reciclagem mecânica (SANTOS, 2019; YANG et al., 2012), que consiste basicamente na granulaç&atil=
de;o
em partículas passíveis de reprocessamento, sendo que moinhos
são os equipamentos mais comuns e também aplicados com maior =
frequência.
Na tabela 1, é
apresentada a literatura encontrada nesta pesquisa, que serviu como base de
conhecimento sobre a reciclagem de espumas de poliuretano assim como
comparações de resultados.
Tabela
1 - Autores, tipos de espuma, reciclagem e equipamentos utilizados.
Autores |
Tipo de espuma |
Tipo de reciclagem |
Equipamento |
REVJAKIN et al., 2000 |
Rígida |
Mecânica |
Não informa |
BECKER, 2002 |
Rígida |
Mecânica |
Moinho analítico |
ROSA et al., 2003 |
Elastômero |
Mecânica |
Moinho |
LUCKMANN, 2005 |
Rígida |
Mecânica |
Trado |
PAGLICAWAN et al., 2007 |
Rígida |
Mecânica |
Moagem criogênica |
BOM, 2008 |
Rígida |
Mecânica |
Não informa |
MOUNANGA et al., 2008 |
Rígida |
Mecânica |
Não informa |
FRAJ et al., 2010 |
Rígida |
Mecânica |
Não informa |
DATTA et al., 2011 |
Não informa |
Mecânica |
Não informa |
LOPES; BECKER, 2012 |
Rígida |
Química |
Lixa |
PEREIRA, 2012 |
Rígida |
Mecânica |
Não informa |
FERNANDES, 2013 |
Flexível |
Mecânica |
Aglutinador |
PARK et al., 2015 |
Não informa |
Química |
Não informa |
FÓRUM INTERNACIONAL DE
RESÍDUOS SÓLIDOS, 2016 |
Rígida |
Mecânica |
Moinho de duplo rolo |
PINTO et at., 2017 |
Rígida |
Mecânica |
Moinho |
STELLER et al., 2017 |
Rígida |
Mecânica |
Moinho de duplo rolo |
ULIANA, 2018 |
Não informa |
Química |
Moinho |
VIEIRA et al.,2018 |
Não informa |
Mecânica |
Esmeril |
CARMO et al., 2020 |
Rígida |
Mecânica |
Não informa |
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
Como granular o materi=
al
é de suma importância para seguimento dos processos de recicla=
gem,
cabe salientar que a característica física dos materiais a se=
rem
moídos é extremamente relevante, isto se mostra por meio dos
estudos publicados sobre reciclagem de poliuretanos, sendo que se encontra =
na
literatura, uma grande quantidade de trabalhos com reciclagem de espumas
rígidas de poliuretano (FÓRUM INTERNACIONAL DE RESÍDUOS
SÓLIDOS, 2016; BOM, 2008; BECKER, 2002; LUCKMANN, 2005; CARMO et al., 2020; PEREIRA, 2012; PINTO=
et
at., 2017) ou então perfis extrusados de
poliuretanos (ROSA et al., 2003) que são
flexíveis mas não espumas.
Sendo assim torna-se
importante uma análise sobre eficientes formas de
granulação de espumas flexíveis de poliuretano, uma vez
que este tipo de espuma não apresenta características
mecânicas favoráveis para granulação e acabam se=
ndo
trituradas de forma experimental para reciclagem química (LOPES; BEC=
KER,
2012; ULIANA, 2018; SPIANCÉ; PAOLI, 2004) ou por meio de equipamentos
menos comuns, como aglutinador (FERNANDES, 2013) ou trado (BECKER, 2002).
Portanto, o objetivo d=
este
trabalho é utilizar resíduos de processo de
fabricação de assentos sanitários, que são
classificados dentro dos tipos de poliuretano como espumas flexíveis=
, em
um processo de granulação por meio de moinho de facas e anali=
sar quantitativa
e qualitativamente o resultado deste processo por meio de sua capacidade, g=
ranulometria
do material pós moagem, fluxo do material e a moagem em si, para pos=
teriormente
possibilitar futuras aplicações, como por exemplo, carga em
materiais termoplásticos para processos de injeção ou
sopro.
O interesse pela capac=
idade
do processo de moagem do poliuretano justifica-se pela possibilidade de
industrialização do mesmo, onde a viabilidade técnica
é de suma importância para a concretização deste=
. Diversos
autores (LUCKMANN, 2005; CARMO et a=
l.,
2020; PARK et al., 2015; VIEIRA
et al.,2018; BOM, 2008; REVJAKIN et
al., 2000; PINTO et al., 20=
17) apresentam,
em seus trabalhos, como o processo de moagem ocorreu, porém sem
explanações detalhadas sobre o resultado particular deste
processo.
Já alguns outros
autores abordam, em seus trabalhos, a trituração dos
resíduos de poliuretano, porém com processos distintos ao
proposto neste trabalho, como, por exemplo, o processo de aglutinaç&=
atilde;o
(FERNANDES, 2013), moagem com moinho analítico (LOPES; BECKER, 2012),
uso de esmeril (VIEIRA et al=
.,2018)
onde a espuma foi lixada, reduzindo a pó, e moagem criogênica (PAGLICAWAN et al., 2007) mas ainda assim tratando a capacidade do processo
como um assunto não relevante, até mesmo porque os objetivos
destes trabalhos não vislumbravam viabilização
técnica industrial.
Com pouco mais de
relevância, mas sem um consenso encontrado, a granulometria é =
poucas
vezes relatada como uma característica do poliuretano moído,
oscilando na literatura pesquisada de 0,10mm a 2,00mm (BOM, 2008; LOPES, BE=
CKER,
2012).
Nas questões qualitativas, que abordam fluxo de material e a moagem, nenhuma destas vari= áveis é contemplada nos trabalhos pesquisados, demonstrando assim uma contribuição deste artigo para o ramo acadêmico bem como para o ramo organizacional, trazendo a possibilidade de avaliar a industria= lização deste processo, trazendo para uma escala industrial o início do cicl= o de reciclagem deste material termofixo.
3
MATERIAIS E MÉTODOS
O resíduo de espuma flexível de poliuretano utilizado n= este trabalho é originado na fabricação de assentos para va= sos sanitários.
O processo consiste em fabricar um assento vazio pelo processo de sop= ro e posteriormente injetar, sob pressão de um cabeçote, uma mistu= ra de poliol poliéter<= /span>, fornecido pela empresa Purcom, modelo TB 180 TR= e um isocianato difenilmetano,= de mesmo fornecedor e modelo TB 250 TF, através do mesmo orifíci= o ao qual a peça foi anteriormente soprada. Esquema do processo pode ser visto no fluxograma da figura 1.
Figura 1 - Fluxograma do processo
Fonte: Elaborado=
pelo autor
(2020)
A reação entre os dois materiais, dentro do assento vaz= io, produz uma espuma flexível que para completar os espaços vazi= os, necessita que o operador do processo permita vazar uma porção desta espuma para o exterior da peça. Este material espumado externamente gera o resíduo do processo assim como outros vazamentos decorrentes de algumas falhas que o processo está exposto. Na figura= 2 pode ser visto uma amostra dos resíduos do processo supracitado.
Figura 2 - Foto dos resíduos
Fonte: Elaborado=
pelo autor
(2020)
Para moer estes resíduos, foi utilizado um moinho de facas do fabricante Mecanofar modelo MF160, com capacida= de de moagem de 30 a 60 kg/h e peneira de orifícios com 8 mm de diâm= etro, conforme figura 3.
Figura 3 - Foto do moinho de facas
utilizado para moer o resíduo
Fonte: Elaborado=
pelo
autor (2020)
O procedimento de alimentação do moinho é manual, onde na parte superior= do equipamento existe uma entrada em forma de rampa que permite que o material= a ser moído desça por gravidade até o compartimento de moage= m.
Assim que o material vai sofrendo cortes, ocasionados pelas facas fix= as e móveis, a peneira permite a passagem de materiais com granulometria inferior ao seu diâmetro e é disposto em um recipiente de onde pode ser removido manualmente.
Portanto, a principal variável quantitativa do processo trata-= se da capacidade do moinho, que é expresso em quilogramas por hora (kg/= h). Posteriormente, a granulometria, em milímetros, será avaliada por peneiras granulométricas de malhas 0,30mm (48 mesh), 0,50mm (32 mesh), 2,00mm (9 mesh) e 4,00mm (5 mesh), todas com 203,20mm (8 polega= das) de diâmetro, e com um agitador de peneiras marca Bertel atuando por 5 minutos a 10Hz de frequência.
Qualitativamente, serão analisadas outras duas variávei= s que são o fluxo de material até o compartimento de moagem e o com= portamento do material ao ser submetido a moagem, sendo que o resultado deverá = ser considerado satisfatório ou insatisfatório, uma vez que pela característica física do material que é de baixa densi= dade e elevada compressibilidade, pode ocorrer deficiência de descida do material por gravidade e ao invés de moer pode ser compactado.
Tabela 2 - Variáveis,
características e medidas para análise
Variável |
Característica |
Medida |
Capacidade |
Quantitativa |
Kg/h |
Granulometria |
Quantitativa |
Mm |
Fluxo de descida |
Qualitativa |
Satisfatório / Insatisfatório |
Moagem |
Qualitativa |
Satisfatório / Insatisfatório |
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
Resumidamente o método é explicado no fluxograma da fig= ura 4, onde pode ser notado que as etapas de alimentar o moinho e iniciar o cronômetro são simultâneas. Isto foi possível dev= ido ao fato de o processo de alimentação ser feita pelo operador = de moinho e o controle do cronômetro feito pelo observador/analista do processo, o qual é responsável por esta pesquisa. A avaliação do fluxo e da moagem, também ficaram a critério do operador do moinho que com aproximadamente 10 anos de experiência ficou responsável por indicar qualquer irregularid= ade no processo. O restante das tarefas foi realizado pelo observador/analista.=
Figura 4 - Fluxograma da metodologia<= o:p>
Fonte: Elaborado=
pelo
autor (2020)
4
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A quantidade de amostra de resíduos coletada para o teste apresentava 1,66 kg e estava armazenada em uma caixa de papelão quan= do retiradas e expostas ao processo normal de alimentação manual do moinho= .
Ao mesmo tempo em que o processo iniciou, o tempo de processamento começou a ser contado por um cronômetro para fins de cálculo de capacidade, porém ao atingir 49 segundos de processamento houve uma interrupção por parte do operador ao perceber que o material não fluía por gravidade em direção ao compartimento de moagem. Sendo assim, o material até então moído foi recolhido sendo considerado result= ado da produção destes 49 segundos e apenas 0,62 kg da amostra foi colocada no moinho.
Figura 5 - Aspecto granulométr=
ico da
espuma que ficou em suspensão e não passou pela peneira
(esquerda) e a que passou pela peneira (direita)
Fonte: Elaborado=
pelo
autor (2020)
Observando o ocorrido destacado pelo operador do processo se pode perceber que as aparas do resíduo sofreram uma primeira ação das navalhas do moinho, onde parte desta aç&atild= e;o chegou a um tamanho de partícula suficiente para passar pela peneira, porém, a grande maioria não ficou suficientemente pequena par= a passar pela mesma (figura 5).
Esta redução parcial do tamanho das partículas permitiu que a massa de cada uma destas se tornasse tão insignifican= te que a própria corrente de ar, gerada pela rotação das navalhas, as mantivessem em suspensão e aderidas por uma pequena car= ga estática proveniente do atrito do processo, como pode ser observado = na figura 6.
Figura 6 - partículas do
resíduo em suspensão dentro do moinho
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
Consequentemente, a porção de material moído foi muito pequena dentro do intervalo de tempo em que o processo decorreu. Na figura 7 é mostrada a rampa de descarga do equipamento, onde o mater= ial resultante da moagem pode ser recolhido por um recipiente.
Figura 7 - Descarga de espuma de
poliuretano flexível moída
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
Esta quantidade recolhida foi de 0,014 kg o que representa apenas 2,2= 6% do que foi colocado pelo operador até que este percebesse a irregularidade no processo, que poderia causar danos ao equipamento, e paro= u de alimentar o mesmo. Como o tempo utilizado para obter esta quantidade foi de= 49 segundos, tem-se então a capacidade do processo apresentada na equação 1.
Equaç&ati=
lde;o
1 - Capacidade do processo de moagem da espuma flexível de poliureta=
no
Fonte: Elaborado=
pelo
autor (2020)
Como são poucas as informações quantitativas de processos de trituração de espuma flexível de poliuret= ano (tabela 1), não foi possível realizar muitas comparações. Apenas Fernandes (2013) informa que para obter 1= 0kg deste material em pó, por meio de um aglutinador, foram necessárias 4 horas. Usando estas informações como bas= e de cálculo, de mesma forma como apresentado anteriormente, chega-se a u= ma capacidade de processo de 2,5kg/h o que representa aproximadamente 143% a m= ais do processo de moagem aqui testado. Lembrando que o equipamento utilizado não foi o mesmo, foi utilizado um aglutinador ao invés do moi= nho de facas.
A granulometria dos 0,014kg de material que passaram pela peneira do moinho, ficaram distribuídas da seguinte forma, conforme gráf= ico 1.
Gráfico 1 -
Distribuição da granulometria obtida após moagem
Fonte: Elaborado=
pelo
autor (2020)
Analisando a granulome=
tria
obtida com base na literatura, onde ocorreu alguma forma de
trituração de espuma flexível de poliuretano, apenas
Fernandes (2013), com auxílio de um aglutinador remete a esta
variável, porém a descreve apenas como pó e não
especifica a granulometria atingida de fato.
Segundo Datta
et al. (2018), algumas tecnolog=
ias de
processamento são indicadas para obtenção de
granulometrias específicas para espumas flexíveis de poliuret=
ano,
conforme tabela 3.
Tabela
3 - Tamanhos de partículas obtidos por alguns tipos de processos
Tamanho da partícula |
Processo |
< 0,30 mm |
Moagem com facas de precisão |
< 0,30 mm |
Peletizador=
|
< 0,20 mm |
Extrusão e cisalhamento em estado sólido |
< 0,20 mm |
Moagem criogênica |
< 0,20 mm |
Mistura de alto cisalhamento |
< 0,10 mm |
Moinho de rolo duplo |
Fonte: Adaptado de Datta
et al. (2018)
Ainda, segundo este au=
tor,
alguns pesquisadores demonstraram trabalhos com espuma de poliuretano
moída (DATTA et al., 201=
1; FRAJ
et al., 2010; MOUNANGA et al., 2008; PARK et al., 2015; STELLER e=
t al.,
2017), porém todas as citadas, assim como todas as anteriormente cit=
adas
neste trabalho, utilizaram a espuma rígida, corroborando para a
deficiência de literatura para poder realizar comparaçõ=
es dos
resultados obtidos.
Sendo assim, a tabela 4 apresenta os resultados gerais, quantitativos= e qualitativos, deste trabalho.
Tabela 4 - Resultados da moagem de es=
puma
flexível de poliuretano
Variável |
Característica |
Medida |
Capacidade |
Quantitativa |
1,0294 kg/h |
Granulometria |
Quantitativa |
Até 0,30mm – 1,2% 0,31 a 0,50mm – 2,5% 0,51 a 2,00mm – 18,2% 2,01 a 4,00mm – 46,3% Acima de 4,00mm – 31,8% |
Fluxo
de descida |
Qualitativa |
Insatisfatório |
Moagem |
Qualitativa |
Insatisfatório |
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
Com os resultados resumidos na tabela 4, todas as variáveis
propostas, apresentadas na tabela 2, foram preenchidas e apresentam-se de f=
orma
absoluta, tendo-se anteriormente sido comparadas e discutidas tendo-se em v=
ista
que apenas uma literatura apresentou semelhança suficiente para tal,
conforme apresentado, também anteriormente. No capítulo segui=
nte,
a conclusão apresenta o fechamento geral de todo material aqui
apresentado.
4
CONCLUSÃO
Por meio do uso de um moinho de facas, os resíduos de poliuret= ano flexível, oriundos de aparas de fabricação de assentos sanitários, foram expostos a granulação por um moinho = de facas, mas o resultado se demonstrou insatisfatório qualitativamente= e em termos quantitativos pode ser medido em capacidade do processo e granulo= metria, sendo que a capacidade obtida se mostra muito aquém do que o equipam= ento pode oferecer, mas suficiente o bastante para analisar em laboratóri= o a granulometria.
A pouca literatura disponível sobre o tema não demonstr= ou base muito sólida para concluir se as variáveis quantitativas são aplicáveis para futuros processos, tais como carga ou mis= tura para formação de blendas com polímeros termoplásticos, como o polipropileno, por exemplo. Esta escassez de material bibliográfico sobre a reciclagem da espuma flexível também corrobora o quão complexo é a reduç&atil= de;o dos tamanhos das partículas deste material devido a suas propriedades mecânicas listadas anteriormente, sendo necessário continuar a pesquisa por soluções viáveis tecnicamente, incentivan= do, assim, a indústria a implementar processos de reciclagem e reduzir os impac= tos ambientais que tal resíduo gera atualmente e, como demonstrado anteriormente, com grande potencial de aumento.
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